domingo, 8 de novembro de 2009

Meio festival (depois de quatro anos) com algumas novidades

foto de divulgação

A pontualidade é uma marca relevante do Planeta Terra, esse ano nenhum show atrasou, visto que os 5 minutos do Ting Tings não podem ser considerados isso. Isso é, se você não estivesse esperando para ver no máximo duas músicas e correr até o palco do Iggy Pop. O festival no playcenter perdeu pela distância dos palcos, atravessar o parque era uma tarefa de coragem e pressa.

Às 17h30, o Móveis Coloniais de Acaju entrou no palco para uma plateia ainda pequena porém fiel. Todos cantavam e dançavam contrariando o sol de mais de 30º que castigou São Paulo na tarde desse sábado (07). Não faltaram os sucessos de "Idem" e as músicas do novo CD c_mpl_te (complete). Quem assistiu a banda pela primeira vez se surpreendeu com a animação e a capacidade que eles tem de se divertirem enquanto tocam. O show do Móveis sempre mais parece uma festa.

Até às 22h, hora que começou Sonic Youth, a única saída eram os brinquedos. O playcenter foi uma boa escolha graças ao line up relativamente fraco recheado de bandas eletrônicas, que eu particulamente detesto. As filas curtas foram outro atrativo. Depois de algumas voltas a sensação de perda tomou conta do grupo e fomos ver Primal Scream, as músicas velhas quando eles ainda achavam interessante tocar até davam o tom do show, mas quando vinham todas aquelas batidas eletrônicas a banda se tornava algo irritante e desesperador.

O show acabou e faltava pouco para o Sonic Youth, entre um show e outro os telões transmitiam entrevistas com as bandas que tinham acabado de tocar e com outras pessoas que estavam no festival. Com a surpresa aparição do Gastão na transmissão, Edgard Piccoli soltou algo que pode interessar a todos os fãs de música: "Gastão está voltando", resta esperar e ver se para MTV ou indo para o Multishow, quem sabe qualquer outro lugar. Esperança para quem cansou de ouvir besteiras sendo ditas por entendores de música que só o são porque viajaram para três ou quatro países para assistir festivais. Depois do Edgard, entre o Primal Scream e o Sonic Youth, alguém teve a infeliz ideia de entrevistar o Lucas e o Tavares (?) do Fresno, a entrevista não durou um minuto, o público que esperava o Sonic Youth vaiou os garotos durante todo o tempo, só não sei se o telão respondeu ao público ou o Terra derrubou a transmissão. Engraçado e previsível, poucas pessoas no festival pareciam ter menos de 20 anos e a média no show do Sonic subiu, ninguém estava interessado em saber o que o Fresno pensa e ninguém tem o menor respeito pelo som das crianças. A explicação: esperavam o Sonic Youth.

O Sonic Youth era a minha esperança da noite e acabou sendo a surpresa também. O show do "The Eternal" funciona muito bem, Kim Gordon mostra sua potente voz que cabe naquele corpo de provavelmente 1 metro e meio e as guitarras distorcidas tem espaço sem cobrir as vozes, tem mais melodia, menos barulho, é pesado e ao mesmo tempo leve, as músicas apesar de novas eram cantadas por parte do público animado. A chuva fez meus amigos sumirem e eu passei parte do show sozinha, experiência válida para quem queria sentir as músicas e só se irrita com duas na vida: gente que fala durante filme ou reclama durante show. A bateria do começo de "What We Know" anunciou o momento mais divertido do meu dia. Quem foi para ver hits, teve que esperar e percebi muita gente saindo decepcionada. O Sonic Youth parece estar em uma nova fase, os fãs envelheceram e eles também já não são tão jovens para continuar só com guitarras distorcidas fazendo o mesmo som de 82. Como diria Nina Simone "it's a new day, it's a new life" e eles realmente parecem se sentir bem.

O The Ting Tings são surpreendentes, duas pessoas que fazem a banda, tocam vários instrumentos e animam o público, apesar da veia eletrônica o som não me incomoda. Assisti aquela animação por duas músicas até o hit "Great DJ" e sai na meia maratona até o outro palco para ver o Iggy.

Cheguei no Iggy quando a volta a 2005 já tinha acabado e as pessoas já haviam descido do palco. É mania convidar o público paulistano para se juntar a ele? Aconteceu no Claro que é Rock, aconteceu no Planeta Terra. Durante o show ele não parou por um minuto, correu, cantou, desceu várias vezes do palco, se juntou as pessoas, as agradeceu e as abençoou. O ponto alto, outra vez foi "I Wanna Be Your Dog", mas nesse show até o clássico "Lust for Life" pareceu ter uma roupagem melhor, ficou mais clara e interessante ao vivo do que em 2005. As músicas novas não animaram o público como os hits fizeram e no todo, apesar das novidades musicais, o show pareceu com o de 2005. Com um Iggy mais gordo, mais fora de forma e no auge dos seus 62 anos. Talvez essa tenha sido de fato a última chance de ter visto essa lenda em terras brasileiras. O mais difícil de explicar é que o fato do Iggy mostrar a bunda e não se importar, não é bonito, mas é interessante porque ele mostra que PODE, que não se importa com a indústria, com o que os outros vão pensar, ele faz e ponto, a discussão no carro foi do choque de uma das meninas que falava "que horror, pra quê?" e a resposta é: justamente porque não tem um pra quê. Iggy Pop é lenda, é história, segundo mito popular pegou ou foi pego pelo David Bowie. Quebrou regras e pouco se importa com certo e errado. Além do que, por ser um mito poderia ter exigências estrondosas, mas a única que ele fez em 2005, quando tocou no Claro Que é Rock, foi uma calça jeans feminina no estilo calça da Gang.

O Planeta Terra poderia ter sido melhor se não tivesse requentado bandas de outros festivais. E, na próxima vez, eles deviam deixar Fresno, Nx Zero, Restart, Gloria, Hevo84, Hóri e essa infinidade de bandas falarem no lugar onde eu trabalho, no festival deles esses garotos não cabem, embora rendam risadas.

atenção: esse não é um texto jornalístico.

2 comentários:

  1. desculpaê, mas se eu tivesse por aí, você não ia ver o Sonic sozinha, jamais!

    ótimo texto. me senti no festival.

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  2. Há... só vi esse texto agora e olha, te falar que esse trecho "A chuva fez meus amigos sumirem e eu passei parte do show sozinha" pareceu deveras equivocado, viu? Falo sem vergonha alguma que o que me fez correr foi o Sonic Youth que NUNCA me conquistou, só por isso não fiquei por lá... porque medo de chuva eu nunca tive, mas banda que não me apaixona, eu não ouço ;)

    Besos em um texto velho, que só li agora.

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